As manifestações para que não se perca mais um patrimônio do povo brasileiro continua constante pelos que ainda tem coerência. Desta vez, a indignação vem do senador Benedito Lira (PP-AL), que na semana passada (28/03), discursou em Brasília contra o projeto que flexibiliza o horário de veiculação do programa A Voz do Brasil ( PLC109/2006). O político afirma que a flexibilização descaracteriza o programa de rádio mais antigo do Brasil, prejudica o interesse público e favorece a iniciativa comercial privada, que quer tomar conta do horário. "Minha posição é pela obrigatoriedade da transmissão do programa e pela manutenção do seu formato atual. É com esse perfil que A Voz do Brasil presta, há quase oitenta anos, é um relevante serviço ao povo brasileiro", opinou.
O projeto a ser analisado pelo senado sugere que ao invés de, obrigatoriamente às 19h, o noticiário seja veiculado entre 19h e 22h, alterando o Código Brasileiro de Telecomunicações. A Voz do Brasil foi criada em 1935, no governo Getúlio Vargas, e está no ar há quase oitenta anos, levando informação nos mais distantes recantos do país em seu horário tradicional.
As empresas que defendem a flexibilização do programa alegam que o horário nobre é ocupado inutilmente, fazendo-as perder milhões de reais em patrocínios. Além desta pífia justificativa, os descomprometidos balbuciam que o programa é completamente ultrapassado pelos novos tempos e pela presença das mídias altamente desenvolvidas, que têm o poder de levar a notícia, para qualquer lugar, em tempo real. Argumento, que conclui são eles mesmos, os empresários, que não estão em tempo real com a realidade brasileira.
Segundo o senador Benedito Lira, a Voz do Brasil está sendo pressionada de todas as formas contra o seu horário tradicional, enfrentando ações judiciais e a pertinência das empresas de comunicação pela flexibilização. "Algumas rádios que entraram com esses processos, reivindicavam, por exemplo, transmitir jogos de futebol no horário oficial do programa. Mas, graças à lucidez dos juízes, todas elas foram rejeitadas. Por fim, é importante relembrar que os empresários de comunicações, quando compraram ou receberam suas concessões de rádio, conheciam perfeitamente as regras do jogo e não se opuseram ao horário", afirmou o senador, completando ainda que o noticiário "é de grande importância para milhões de brasileiros, sobretudo, para os que vivem nas cidades do interior e no campo".
A Abraço (Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária), defende a Voz do Brasil, como patrimônio do povo brasileiro, sempre às 19h, mantendo o momento em que todos os excluídos dos meios de comunicação possam continuar se irmanando, cada qual no seu rincão, através da sintonia com o programa. É preciso ser contrário à flexibilização, pois outros horários dificultariam os cidadãos e cidadãs pararem para ouvir. Um direito que é do povo não pode ser controlado por empresas com interesses financeiros.
Bruno Caetano
Da Redação
Com informações de Patrícia Costa --
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