Quando o projeto de educação nacional resiste e coloca em segundo plano a relação construtiva entre educação e radiodifusão comunitária, demonstra que ele não percebe o grau de importância da convergência de mídias na escola possibilitada através da rádio comunitária como ferramenta imprescindível na formação do sujeito. A rádio comunitária como recurso didático e inserido no cotidiano da prática pedagógica constitui-se como uma via de interlocução no processo de multidisciplinaridade tornando-se elo de conexão entre diferentes disciplinas, desenvolvendo no seu espaço a oralidade, escrita, produção de textos indo até o exercício do processo de formação política o qual busca tornar o aluno sujeito ativo da comunicação, da edificação crítica do próprio conhecimento.
Historicamente a sociedade vem atribuindo a escola à responsabilidade na formação da personalidade do indivíduo tendo em vista a transmissão do conhecimento acumulado. No atual contexto a penetração da tecnologia da informação e da comunicação causa enorme impacto na formação do ser social tanto na sua relação com os outros seres, quanto no processo institucional de educação. Contudo, é fundamental que o projeto pedagógico que venha contemplar a radiodifusão comunitária a partir das relações entre mídia e educação possua um direcionamento o qual passe também pela formação continuada do professor e pela gestão democrática nas escolas públicas.
A rádio comunitária caminha célere para o aprimoramento da sua qualidade técnica buscando a implantação definitiva do seu sistema digital e os seus instrumentos técnicos que fazem parte da sua composição, compõe-se de um conjunto tecnológico onde convergem diferentes mídias facilitando a fluidez pedagógica em seu espaço. É fato que é significativo o papel que as tecnologias digitais da informação e da comunicação vêm desempenhando no cotidiano da sociedade. E a educação pública pode e deve aliar-se ao mais democrático das concessões públicas de comunicação, que é a rádio comunitária para introduzir também de forma definitiva nas escolas a democratização da informação e da cultura.
As escolas necessitam qualificar-se para promover a aliança inclusiva com as rádios comunitárias e para isso deve de forma coletiva ouvir os principais interlocutores diretamente interessados: professores, pais, alunos, gestores e a comunidade para a construção de uma nova grade curricular que contemple também práticas pedagógicas para uma cidadania mediatizada.
Por Roberto Amorim – secretário executivo Abraço-SE